Título: Mar da Tranquilidade
Autor: Katja Millay
Editora: Arqueiro
Páginas: 368

Descrição: O que você faria se, aos 15 anos, visse todo o seu mundo desmoronar? Se todos os seus sonhos fossem arrancados de você? Se você mesmo fosse arrancado de você? O que você faria se, aos 15 anos, visse uma fatalidade transformar quem você é, e transformar todos à sua volta? Nastya, a protagonista da história, passa por isso. Ela tem uma vida normal. É uma conhecida pianista e tem um futuro brilhante pela frente, mas tudo é brutalmente arrancado dela, em um dia que deveria ser um dia qualquer. Ao se lembrar de tudo o que aconteceu, ela simplesmente se cala. Não há o que ser dito. O ódio, o rancor, o desprezo e fome por vingança tomam conta dela, e ela decide guardar pra ela tudo o que aconteceu naquele fatídico dia. É quando, cansada de todo mundo tentando curá-la e cansada de ver sua família despedaçada por sua causa, ela decide se mudar e começar uma nova vida. Uma vida onde ela pode ser outra pessoa, onde ninguém a conheça, onde ninguém chegue perto dela, e todos a deixem em paz.
O que Nastya não esperava é que, em outro lugar existisse alguém que carrega as mesmas dores, e a mesma vontade de ser invisível. Josh Bennet. O cara que a vida fez questão de deixar sozinho. O cara que teve todos os que ele amava arrancados de sua vida logo cedo. Josh vive na cidade onde Nastya vai parar na sua tentativa desesperada de fuga. E é quando tudo começa a mudar pra eles. Juntos, eles começam a dividir sua solidão. Não dividem seus medos, não dividem suas falhas, não dividem suas histórias. Eles tem um ao outro naquele momento, dividindo apenas a oficina de trabalho de Josh. O estilo de vida que levam deixa claro pra todo mundo que eles precisam ser curados. O que ninguém percebe é que não existe cura para eles. E eles não querem curar um ao outro.
Eu sei, isso aqui ta meio confuso. Mas é impossível fazer uma resenha clara sobre esse livro, O que nos prende à ele não é o romance entre esses dois adolescentes imperfeitos. O que nos prende é o mistério que envolve Nastya. O que houve com ela? O que a levou a resolver não falar mais com ninguém? Como ela vai conseguir deixar o passado de lado e viver plena no presente? Existe uma forma de isso acontecer, mesmo com todas as consequências que "aquele dia" deixou na sua vida?
E é sobre isso que o livro trata. Sobre ressurreição, sobre aceitação, sobre perdão, e mais do que tudo, sobre aprender que sempre devemos dar uma segunda chance a nós mesmos.

"Acho que sempre vou estar despedaçada. Posso trocar os fragmentos de lugar, rearrumá-los, dependendo do dia, dependendo do que preciso ser. Posso mudar num piscar de olhos e ser muitas garotas diferentes, sem que nenhuma delas tenha que ser eu."

Prós: O livro não deixa uma lacuna sequer. Tudo é muito bem explicado, tudo se encaixa perfeitamente. O legal é que a autora não deixou o grande mistério para as últimas páginas. Em cada capítulo do livro ela deixa um pouquinho do que aconteceu. Também me agradou o fato de ler o livro através da visão dos dois protagonistas. E o fato de que o livro não cai no clichê do final feliz, pois claramente na vida de Nastya de Josh não tinha como ser assim. Eles não estão ali pra curar um ao outro. Eles estão ali um para o outro, apesar de tudo que deve ser salvo.

Contras: Minha única ressalva ao livro é que eu fiquei querendo saber um pouco mais sobre os outros personagens. Com exceção de Drew (melhor amigo de Josh e que se torna melhor amigo de Nastya também), o restante dos personagens me pareceram muito subjetivos. Mas nada que comprometa o andamento da história.

"Obrigações demais. As pessoas gostam de dizer que o amor é incondicional, mas isso não é verdade. E mesmo que fosse, o amor nunca é de graça. Sempre vem acompanhado de uma expectativa."



Deixe um comentário